Eu, por exemplo, sou oficialmente ateu. Não creio em um deus com barba, trono e julgamento eterno. Tampouco me sinto confortável com a ideia de um pós-vida moldado por dogmas e rituais. Mas há algo que me incomoda profundamente: a possibilidade de que, ao fim de tudo, só reste o nada. O silêncio. O fim absoluto.
Essa inquietação talvez explique meu fascínio por temas espirituais e religiosos, mesmo sem acreditar neles da forma tradicional. Existe, no espiritismo por exemplo, uma ideia que me chama atenção: a de que a existência não se resume ao mundo material, e que há formas de vida que transcendem o que podemos ver ou medir. Espíritos, anjos, demônios? Talvez sejam apenas nomes antigos para inteligências que ainda não compreendemos — como seres de um outro plano, uma outra vibração, um outro tipo de realidade.
E isso se conecta com outra hipótese que, embora improvável, não considero absurda: e se fomos criados? Não por um deus como os descritos nas religiões, mas por uma raça infinitamente mais avançada. Um criador que, como nós agora fazemos com máquinas inteligentes, decidiu experimentar a criação. Se a humanidade não for extinta por guerras, doenças ou desastres, acredito sinceramente que chegaremos a esse ponto: de criar vida, talvez até consciência. E então... o que nos separará dos deuses?
Talvez nada. Talvez essa seja a natureza do universo: um ciclo infinito de criadores e criaturas, de realidades sobrepostas, de multiversos onde tudo é possível, inclusive aquilo que hoje parece impossível.
O que me falta para acreditar de verdade? Provas. E talvez esse seja o grande dilema: o que não se pode provar, exige fé. E eu... eu prefiro a dúvida. Não me sinto confortável crendo em algo que não consigo sustentar com evidência. Não por orgulho, mas por honestidade. Porque a dúvida, ao contrário do que muitos pensam, não é fraqueza. É coragem. É olhar para o abismo e dizer: "Eu não sei. Mas estou aqui, olhando."
No fundo, talvez a grande sabedoria seja aceitar que certas perguntas não têm resposta. Ou que, se têm, talvez ainda não tenhamos as ferramentas para compreendê-las. E tudo bem. Porque há uma beleza no mistério, há uma força na busca — mesmo quando ela não leva a lugar algum.
E, enquanto não sabemos... seguimos vivendo. Sentindo. Escrevendo. Refletindo.
Comentários
Postar um comentário